31 de março de 2009

CAP in NY


Central Park, 2000

Apesar desta história ser de contra gosto de alguns, vou relembrar pela experiência vivida. No começo do ano 2000 foi divulgado através do programa Manhattan Connection que o jornal New York Times estava promovendo a construção de uma cápsula do tempo, para que dentro dela fosse, colocados produtos que representassem a sociedade do século XX. A iniciativa do jornal norte-americano não era original, existiram outras tentativas de guardar "pistas" de nossa sociedade, mas tiveram muitos detalhes que mereceram destaque na mídia internacional. Os objetos ficaram expostos no Museu de História Natural e depois foram colocados na cápsula desenvolvida pelo grande arquiteto Santiago Calatrava.
Por aqui a bomba estorou e foi um corre corre danado, pois a camisa do uniforme do Clube Atlético Paranaense foi o objeto escolhido para representar o "avanço" naquilo em que o brasileiro é mais reconhecido, o futebol. E na época meu primo Nilo Biazzetto Neto e eu fomos enviados pelo clube para cobrir tal fato, o Nilo como fotógrafo e eu como repórter, pois eu era o jornalista da dupla e estava com o inglês bem em dia. Passamos uns 12 dias levantando as informações e documentando o ocorrido. Tínhamos a missão de criar imagens com a camisa do clube, com temas que remetessem ao rubro-negro, enfim, imagens que foram usadas na campanha do clube no início da década. E parece que o plano do clube deu certo, pois conseguimos conquistar o título nacional em 2001.
É lógico que entre uma entrevista e uma visita, eu sempre estava dando alguns cliques. Os resultados estão aí...este era um figura que abordamos no Central Park, quando dissemos que éramos do Brasil ele sorriu e disse que já tinha morado no Rio de Janeiro, levamos sorte e podemos abusar do "modelo" para fazer uma boa foto!!

Para saber mais, clique em:
http://www.amnh.org/exhibitions/timescapsule/introduction.html

Para os atleticamos, clicar em:
http://www.atleticoparanaense.com/historia/linha_tempo/index.php?strIdFatos=8

É lógico que enviaram dois atleticanos para cobrir a notícia. Bem ou mal, um dia fiz parte da história do clube.

Abraço,

25 de março de 2009

Parte IV - Rio de Janeiro


Rio de Janeiro, Leblon, 2003

Esta imagem me remete àqueles momentos perfeitos, o que esta imagem não é, "captados", construídos pelo mestre Cartier-Bresson. Depois que iniciamos na fotografia, e conhecemos a obra de Bresson, acreditamos que ele era bom, mas que também tinha uma sorte imensa, pois as coisas se ajeitavam de uma forma inacreditável diante do seu visor. Não foi de graça que ele sofreu muitas críticas quanto à supostas armações. E com um pouquinho mais de experiência sabemos que as imagens foram frutos de muita disponibilidade, busca, enfim, trabalho.
Lembrei de tudo isso quando vi esta cena, enquanto ela se formava, e esperei, esperei, esperei, quase desisti, até que consegui clicar.


Até,

24 de março de 2009

Parte III - Feira de São Joaquim


Feira de São Joaquim, Salvador, 2002

Ainda falando da feira, esta senhora foi uma das personagens que mais me atraiu quando lá cheguei, e ela assume o papel de líder na "área" em que atua. Chegar próximo foi fácil, mas a abordagem...aí é outra história. Mas acho que levei sorte e fui bem recebido, batemos um bom papo e aos poucos fui me sentindo a vontade para fotografá-la.
O resultado é aquilo que consigo captar nestas vivências, não necessariamente a verdade, mas sim um momento, um sorriso que vale muito.

Até,

23 de março de 2009

Parte II - Feira de São Joaquim


Feira de São Joaquim, Salvador, 2002

Na busca por um simples cidadão soteropolitano, vendedor de quiabo na feira, fui seduzido na busca pela feira de São Joaquim. Lembro de ter pego o ônibus em Arembepe, ao norte de Salvador, bem cedinho, e a viajem demorou um pouco, fazendo com que só aumentasse a minha ansiedade de lá chegar. Era a primeira vez que ia à feira, e imaginava algo até próximo do que encontrei, mas numa escala bem maior. Muitas ruas, vielas, corredores, algumas "quebradas", centenas de barracas e boxes, um cais de pequenas embarcações, galinheiros, xiqueiros, estruturam aquele organismo social. Após caminhar por quase uma hora, voltei o foco de buscar aquele simples vendedor, mas que na minha imersão se tratava do Mestre Boca Rica, famoso angoleiro, capoeirista aluno de Mestre Pastinha. Quanto mais eu perguntava por ele, mais eu me entretia em fotografar outras coisas e mais certeza eu tinha de que não o encontraria, pois ninguém o conhecia. Eu perguntava pelo Mestre Boca Rica, mas no final da manhã descobri que o conheciam como Seu Manoel, " o do quiabo", foi quando encontrei seu ponto e é logico, ele tinha acabado de sair!! As imagens que seguem são resultado desta primeira ida a umas das mais tradicionais feiras livres das capitais brasileiras. Um movimento constante que exige do fotógrafo colocar-se num estado de observação que chega ao vício, algo prazeroso, mas que exige. Porém, sempre grato pela oportunidade de sentir-se completamente ligado, esperto, aberto para perceber e captar todos os estímulos possíveis.

Até a próxima,

22 de março de 2009

Exibição não planejada

Há algum tempo estou querendo "publicar" algumas fotos, aquelas que estão perdidas, sem fazerem parte de um projeto, ensaio, ou job. Acredito que a grande maioria foram feitas na vivência do cotidiano simplesmente exercitando o olhar, administrando as "observações", fotografando.
Desejo nos próximos dias, sem compromisso de prazos e períodos, dividir alguns momentos e contar algumas histórias. Tenho visitado o "blog do pedrão", do grande Pedro Martinelli, e senti vontade de usar o espaço que a internet nos viabiliza para "expor". Espero que todos participem e comentem esta série, que também tem o objetivo de provocar e aprender!! E como disse o Prof. Oswaldo, na sua exposição, que ainda está na Omicron, não estou preocupado com o contemporâneo!

Parte I

Guaraqueçaba, 2001

Este retrato foi feito quando eu estava querendo a qualquer custo provar para mim mesmo que eu era um "fotógrafo documental", ou que pelo menos levava jeito para a coisa. Então, junto com meu amigo Linus, o Bill, marcamos de ir para Guaraqueçaba e acompanhar o dia-dia dos pescadores locais, mas não todos, apenas os que praticavam a pesca artesanal. Conseguimos contato com este senhor, que sinceramente não lembro o nome (primeira falha do aspirante a documentarista), e passamos alguns dias acompanhando a sua rotina. Saindo bem cedo, voltando no final da manhã, quando o dia tava ruim, ou só à noite para render a viajem. Pesacavam normalmente com algumas redes, onde mar afora eram puxadas lentamente por dois pequeno barcos, em formato de "U". Os outros barcos iam arremessando suas poitas de maneira a afujentar os peixes para dentro do cerco, como a maioria dos métodos de pesca artesanal.

Até a próxima,

19 de março de 2009

Surf no Paraguai

Já imaginou surfar no Paraguai? Que loucura seria. Nas surf trip daria para aproveitar para trazer umas bugigangas. Isto foi o que pensei imediatamente quando ouvi, hoje, na bandnews com o Boris, a notícia do erro na publicação dos livros da rede estadual de ensino de São Paulo. O mapa traz "dois" paraguais, um onde é a Bolívia e o outro onde fica o Uruguay. O Paraguai banhado pelo oceano, imagina a loucura!!

Veja o mapa:



Repercussão:






Será que ninguém revisou o livro!!

Abç,

André

17 de março de 2009

Excumunhão? Fala povão!!

Eu adoro cordéis, compro sempre que posso, meus preferidos são Leandro de Barros, assim como as gravuras de J. Borges, e quando recebi este e-mail de uma amiga, professora de literatura da UFPR, resolvi postar, demais!!



A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA

Miguezim de Princesa


I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.